Voltei feliz para Cróacia para um lugar seguro e uma família pra passar o Natal e ano novo. Que eu sou apaixonada por animais todos já sabem porém, eu nunca tive a experiência de trabalhar com muitos cachorros, a principio eu achei que seria fácil mas, me enganei, pois, requer muita responsabilidade e precisa está disposto a doar seu tempo e energia para os animais.
A anfitriã é uma mulher incrível, trabalhadora, simpática, prestativa, muito engraçada, adora o povo Brasileiro e já viajou para o Brasil, ela esteve no carnaval no Rio de Janeiro, hospedada na favela, dá para acreditar nisso? Só por isso, eu ja amo essa mulher. Cheguei na casa dela as 10h da manhã depois de longas 12 horas de viagem de ônibus, meu transporte preferido e ela já me recebeu com cachaça, a famosa Rakija, risos, cachaça no café da manhã? Como assim, Brazil?? Faz parte da cultura do lugar, foi uma forma de brindar a minha chegada, são essas diferenças culturais que me encantam, por isso a importância de viajar com a cabeça aberta.
No dia seguinte comecei a trabalhar as 08h da manhã, recolhendo o cocô dos cachorros no jardim, depois liberar os cachorros por 15 minutos e em seguinte alimenta-los. Essa rotina se repete por 4 ou 5 vezes ao dia, liberar os cachorros por 15 minutos para passear, brincar com eles, tirar fotos para colocar nas redes sociais para que os donos dos cachorros acompanhem o dia a dia deles e vejam que seus filhos de quatro patas, estão bem e felizes. Eu comparava o hotel com uma creche de crianças e eu era a tia da creche.
Tudo tinha um horário pré estabelecido, um tipo de alimentação, alguns que podiam brincar juntos, outros tinham que ficar sozinhos, alguns precisam de medicamentos, alguns precisavam de mais atenção e etc. Inclusive eu identificava o perfil das crianças nos doguinhos:
Tinha aquela criança pestinha, que tacava fogo no parquinho, a tímida, a chorona, a estressada, a comilona, a carinhosa, a dengosa, a mimada, e a engraçada. Nessa experiências eu entendi o porquê as mães quase sempre dão mais atenção para aquele "filho mais difícil", o mais "complicado", aquele filho mais fácil de lidar, fica solto, porquê com ele não precisamos nos "preocupar", porém, o filho difícil demanda uma atenção maior, um cuidado maior. Foi exatamente isso que aconteceu comigo, aqueles doguinhos mais difíceis de lidar, precisavam de mais atenção, alguns precisam de um tempo para confiar em mim, e quando eu conseguia essa confiança, meu coração explodia de alegria.
Eu amo os animais, eu me sentia feliz em ter a companhia dos doguinhos, nos dias tristes, eu recebia tanto carinho deles que até me emocionava, nos dias frios e chuvosos foram os mais desafiadores mas, olhar naqueles olhinhos inocentes me davam muita motivação e aquecia meu coração. Porém, na segunda semana eu já estava bem cansada, por isso a importância da gente se conhecer bem, algumas rotinas por mais prazeirosas que sejam requer uma entrega a mais, não é apenas um trabalho físico, doar amor, carinho, atenção demanda energia e muita responsabilidade.
Eu sempre menciono o quanto esses voluntariados estão agregando na minha vida, me ajudando a transmultar, a ter uma percepção de mundo diferente. O que me deixa mais feliz é saber que têm muitas pessoas boas no mundo, isso me enche de esperança porque eu acredito em um mundo melhor e na igualdade humana. A minha anfitriã dedica a sua vida em prol dos animais, elas resgata animais abandonados, ajuda os animaizinhos que estão em perigo e cria uma corrente do bem.
Eu sou uma pessoa que se entrega intensamente nas coisas que me proponho a fazer, tudo eu quero que seja realizado com "perfeição" e isso algumas vezes me faz extrapolar os meus limites físicos. Nesse voluntariado eu aprendi também a respeitar os meus limites, sem forçar mais do que meu corpo pode suportar e não há nada mais valioso do que a nossa saúde e bem estar.
Comentários