Irei partilhar com vocês uma vivência que é muito especial na minha vida e que foi muito importante no processo do meu autoconhecimento. Quero deixar claro que, esse é um relato pessoal, não estou sugerindo o uso, ou divulgando grupos e locais para o ritual.
A vivência aconteceu em Portugal na cidade do Porto, eu costumo falar que meus voluntariados me levam para os lugares onde eu deveria estar, me conectam com pessoas as quais trazem algo valioso para minha vida. É dessa forma que eu enxergo as minhas experiências nas viagens, uma escola de aprendizado que estão me ajudando a encontrar com o melhor de mim.
O Ayahuasca é um chá utilizado na cultura xamânica, é uma substância que altera a percepção da realidade; é muito difícil expressar em palavras o que foi exatamente essa experiência, irei resumir de uma forma objetiva e com linguagem simples o que o ritual representa para mim.
Meus olhos se enchem de lágrimas ao lembrar daquele momento mágico, aconteceu em uma chácara no interior do Porto, um lugar privado para um grupo de mais ou menos 15 pessoas. Tive um preparo algumas semanas antes do ritual, com alimentação, bebida, meditação e outras recomendações.
A cerimonia começou:
"Mergulhei em um lugar abstrato, com figuras geométrica, parecia um túnel, ai pensei, para onde esse túnel vai me levar? Mas, eu não conseguia sair do lugar , era o túnel que estava se movendo, foi então que eu viajei para outra realidade, onde eu tinha 5 anos de idade e fazia muitos questionamentos sobre a minha vida atual. Todas as perguntas foram carinhosamente respondidas por um pajé da tribo Tupi Guarani, esse pajé falou muitas coisas sobre a minha vida, desde o meu nascimento, a separação da minha família biológica, a minha adoção, os meu traumas de criança e etc. O Pajé relatou com precisão as minhas dores, percorreu o caminho sobre as minhas cicatrizes, tudo isso com muito amor e com uma voz muito calma, muito mansa. O lugar era uma floresta, com muitos animais, com um cheiro bom de natureza, eu sabia onde eu estava, eu sentia uma saudade enorme daquele lugar, porque lá era a minha casa. Ouvi uma cantoria com uma voz linda e depois eu vi uma mulher forte, cheia de vida, era a esposa do Pajé, ela me deu um abraço muito forte falou que me amava e que estava com muita saudades, como era bom voltar para casa e abraçar os meus avós”
Talvez o resumo acima esteja um pouco confuso, principalmente para quem não tem conhecimento sobre o assunto mas, eu quis fazer uma narrativa da vivencia, porquê essa experiência foi surreal. A cerimônia começou as 22h e terminou as 07h da manhã, nesse período após o chá, entramos em uma espécie de sono profundo, onde acontece o que chamamos de viagem, ou simplesmente sonho. Essa foi a minha “viagem” para uma tribo indígena, onde eu tinha 05 anos de idade, encontrei o pajé e sua família e ficamos conversando por horas, falando da minha vida atual, falando de pessoas importantes para mim, falando sobre quem eu sou!? Dos porquês estou aqui e quais caminhos seguir.
Após essa vivência muitas coisas fizeram sentido para mim, conseguir conhecer mais sobre a minha história, conseguir saber de onde vem a minha força, o meu poder de resiliência, mergulhar nessa “viagem” foi mergulhar em feridas as quais me assombravam, visita-las foi o mesmo que entender e aceitá-las. Não quero dizer que a cerimônia vai resolver a nossa vida, porque não vai, há vários relatos aqui na internet de histórias boas e ruins. A minha história é linda, hoje tudo isso faz sentido para mim, pode ser que daqui algum tempo não faça mais e está tudo bem, pois a vida é um eterno recomeço e transformação.
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Ansiosa para mais histórias!