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O Homem das Cavernas


23.11.21 

No dia 23 de novembro embarquei uma das experiências mais desafiadoras nas minhas viagens pela Europa, a história aconteceu na Sérvia em uma cabana nas montanhas da cidade Zlatibor. És que encontro a vaga dos meus sonhos, um professor de yoga, praticante do zazen e vegano; era tudo o que eu queria, pois, estava precisando praticar Yoga, meditação e também queria fazer a minha transição para o veganismo, essa seria a oportunidade perfeita. Antes de confirmar a vaga falei por chamada de vídeo com o anfitrião e ele me passou as seguintes informações: 

  • A casa era uma cabana isolada nas montanhas
  • O sanitário era fora da casa, feito de compostagem
  • Não tinha chuveiro para tomar banho, nem água dentro da casa
  • Iremos comer apenas frutas, legumes e grãos

Perguntei como eu faria para tomar banho, ele disse que há cada 3 dias, iríamos a sua outra casa onde eu poderia tomar banho quente. 

Na hora pensei: eu não sou "louca" de aceitar essa vaga, porém, refleti sobre: o desapego, o desafio, o “pré conceito” esse seria um novo desafio para entender como meu corpo/mente funcionariam em diferentes situações, ok, então vamos lá. 


Cheguei na cabana, no alto das montanhas, a casa devia ter aproximadamente 7x7 metros quadrados, uma sala com um sofá, mesa, um fogão à lenha e dois pequenos quartos, o sanitário com o método de compostagem estava aos uns 500 metros da casa, mas eu poderia fazer o número 1 em qualquer lugar da fazenda, hahah era um pouco constrangedor para mim.

Ao chegar ele me perguntou se eu estava com fome, mas percebi que não tinha muita coisa, então pedi um chá, bebemos o chá e conversamos um pouco, ele era diferente de qualquer pessoa que já conheci, mas, sua história era familiar, um jovem de 38 anos que largou a vida na cidade grande, para viver em meio a natureza, de uma forma simples e minimalista.


Seguimos um organograma:

Acordávamos as 5 horas da manhã para fazer Yoga, meditação, em seguida eu tinha um tempo livre para deixar minha mente criar algo, ele dizia que pela manhã a mente fica mais ativa, que acordar cedo nos ajuda a receber inspiração. O café da manhã era as 9 horas, um chá colhido da sua horta e uma fruta, as 10 horas fazíamos os trabalhos necessários na casa, organizamos um depósito, plantamos algumas frutas, legumes, cuidamos dos animais, e etc, o almoço era as 12 horas, salada com algum grão, ele quem preparava com todo carinho, tudo muito simples, ele não comia nada industrializado, e a maioria das coisas eram da sua fazenda plantados por ele, e encerrávamos o dia as 19 horas, não tinha um jantar, comíamos uma fruta e bebíamos um chá e as 21 era hora de dormir. 


Fiquei apenas 8 dias na cabana com o homem de 2.05 de altura, barba e cabelos longos no estilo homem das cavernas, conversamos muito sobre a sua filosofia de vida, algumas coisas as quais eu concordo e gosto, como a vida simples, viver apenas da natureza e todas as coisas boas que a mãe terra pode nos proporcionar, outras teorias mais extremistas na minha visão eu não concordo mas, gostei de ouvir - las. Porém, o que eu tiro de aprendizado dessa vivência? Que nós somos seres adaptáveis, que podemos nos adaptar a muitas situações, somos capazes de criar mecanismos para facilitar o nosso dia a dia. Foi dessa forma que me percebi, usando uma toalha molhada para me limpar, cenas que vi em algum filme de época, e  que nessa situação funcionou e me ajudou. Porém, o que eu mais queria atingir eu não consegui, que era o distanciamento das redes sociais, o esvaziar a mente para o agora e esquecer o mundo paralelo; talvez eu precisasse de mais tempo na cabana, ouvindo o silêncio das montanhas e apreciando o nascer do sol. Preciso mencionar sobre a nevasca, uau, certo dia eu acordei, e olhei pela janela, tudo branco, muita neve, coisas que meus olhos nunca viu antes. Fiquei encantada com toda a beleza das montanhas coberto por neve. 


O mais incrível foi perceber como os moradores continuam a sua vida normalmente, mesmo com toda aquela neve, eles não ficam dentro de casa no quentinho apreciando a neve cair. Eles vão para fora retiram a neve do caminho e começam a trabalhar, a plantar, a cuidar da terra, a fazer coisas que são necessárias para sua sobrevivência. Essa força de vontade é o que mais me encanta, é o acordar nos dias mais gelado, em meio a uma nevasca e ir para a luta diária.

É exatamente isso que a vida é, para a maioria de nós, uma luta diária. 


Comentários

Adoro suas histórias amiga. Cada verso consigo ver toda a cena. Obrigada por compartilhar.
Unknown disse…
Mulher de fé, de coragem,siga o seu coração, são muitos obstáculos mais você chega lá. Siga em frente em meios de tantas batalhas você consegue e será sempre feliz do seu geitinho!!!
Nayara dos Santos disse…
Você é insporadora, Jô! Que história linda e desafiadora. Você merece todo o retorno positivo de todas as suas experiências nesse caminho que escolheu. ��
Jô Maciel disse…
Amigas, muito obrigada pelo incentivo. As mensagens de vocês me dão entusiasmo para continuar. Gratidão de coração.
Raquel disse…
Amo suas histórias e experiências, ficaria horas e horas lendo, me senti como se estivesse na cabana, ansiosa pelas próximas aventuras. Parabéns! ❤️
Unknown disse…
Desejo sucesso pra ti...
🥰❤️
Juliana Rocha disse…
Gostei!!! Continue escrevendo vc vai ainda mais longe
Bia disse…
Parece coisa de filme, que experiência incrível
Jô Maciel disse…
Obrigada queridos!!! Irei continuar partilhando as minhas vivências com vocês sim :)